segunda-feira, 7 de maio de 2012


Pausa
     Não sei. Juro que não. Não sei quem sou, onde estou, aonde vou, com quem vou, o que vou ser, pra quem meu amor ofertarei, com quem eu viverei, com o que eu trabalharei. Não, eu infelizmente não sei.
     A questão é que eu tenho dúvidas. Muitas dúvidas. Dúvidas que eu carrego comigo, porque tenho medo de uma segunda ou terceira opinião. Não quero que, mais uma vez, os outros fiquem me julgando de cima. De novo não.
     Eu sei que já fiz muita besteira, sei que minha vida se resumi a sair, beber, fazer amigos, rir e mesmo assim me sinto uma ameba. Me sinto num vazio bem profundo, mas um vazio cheio de dúvidas.
     Não sei quem sou porque tenho essas dúvidas. E os outros podem até tentar me encaixar em algum rótulo ou estereótipo, mas eu nunca irei concordar porque não sei quem sou, minhas dúvidas não me deixam saber.
     Não sei se é normal um cara de 17 anos como eu ficar falando que tem dúvidas. F*****também, porque eu realmente as tenho. Se os outros não se expressam (pelo menos para o vazio da internet) eu me expresso. Não tenho medo de expressar. Acho que isso é uma das poucas coisas que sei sobre mim: eu me expresso e pronto. Posso estar errado (maioria das vezes), posso estar cero, mas eu me expresso.
     Mas as dúvidas de que eu falo me impedem de crescer, de ser gente, de lutar, de viver. Vivo uma vidinha besta de adolescente comum, mas não o seu. Infelizmente vivo cometendo erros. Minha vida é uma série de erros. Que bom, eu acho que se fosse uma série de acertos seria chata e rotineira de mais. Só que meus erros me perseguem.
     ”Não há tempo que volte”, Não pode pegar de volta a palavra já proferida, não dá pra voltar atrás. Meu erros me encolhem, me incomodam, me parasitam, me perseguem, ainda não me matam. Não sou depressivo. Juro. É que os meus erros em especial são, de longe, os piores.
     Agora uma pessoa viu o que não poderia ter visto. Talvez ela comente com alguém o que ela viu. Não sei. Tanta coisa que eu não sei que eu fico imaginando como é/seria. Não posso. Tenho que parar de me dar essa pausa para refletir, tenho que começar a mostrar a cara, dizer quem sou, que eu tenho autoria, que tenho autenticidade.
     Mas no fundo, nada sou. Pois minhas dúvidas me impedem de ser. Mas vou tentando viver, vou tentando descobrir quem sou, vou escrevendo aqui nessa minha breve pausa. Vou escrevendo, pensando, acreditando, vivendo.
-Murilo de Paiva Siqueira

(Felipe&Nando)

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