“Queria ter coragem de dizer a todos como eu me sinto, como eu realmente estou e sou. Não sou a garotinha forte, que não se abala, que é bobinha, perdoa, tem coração mole. Sou bem diferente, mas acontece que sei fingir e não demonstro meus sentimentos. Pra começo de tudo, sou uma pessoa frágil, tudo me abala, palavras, gestos, olhares, tudo, e eu apenas finjo que não olho, leio ou escuto, mas por dentro, me machuca, e muito. Mesmo eu falando que não vou perdoar fulano por o que ele me fez, acabo perdoando, mas com uma insegurança de que ele vai fazer tudo errado de novo. Insegurança, ô coisinha que me incomoda, parece até que tem uma barreira na minha frente que não me permite fazer nada, ou na verdade, essa insegurança toda, é apenas medo, medo de eu errar, como os outros erraram comigo. Sou o reflexo dos erros das pessoas. Não é irônico? As pessoas erram, e quem leva as consequências sou eu. Quem tem medo das pessoas errarem sou eu, não elas, pois quem sofre sou eu. E eu queria muito não ser assim, não se importar com as pessoas, elas que se danem, queria mesmo, mas não consigo, e o mais engraçado, é que com quem eu mais me importo, são aqueles não dão a mínima para mim ou nem lembram da minha existência. E nem eu mesma sei de onde acho forças, ou até mesmo motivos para continuar. Afinal, minha vida é monótoma, vivo de memórias, nostalgias, lágrimas, superações, sorrisos falsos. Ah, esses sorrisos, a coisa que mais me causa indignação, são meus sorrisos. Será que não é possível nenhuma pessoa ver que eles são falsos? Que eu realmente não estou feliz? Mas ao invés de olharem para isso, olham para minhas roupas, e se são caras ou de marca. Afinal, acho que para todos é muito melhor ser infeliz e ter as roupas da moda, do que feliz e roupas baratas. Sinto nojo disso. Parem com isso, olhem para meus olhos. Olhem para esses aí, que veem tudo o que se passa por mm. Meu olhar não esconde nada, mesmo que eu tente não consigo. Eles são tão tristes, frios, não sei, mas há algo neles que me revelam. Mas sabem por que não percebem que estou mal? Pois ninguém liga para isso, nem para meus sentimentos. E isso fere, mas fazer o que? Pessoas são assim, egocêntricas, só pensam nos seus próprios narizes, não tem compaixão uns pelos outros.”

—	Marina Branco

 

 
(F&N)