voltas para casa, cansado.
Já é noite em teu bairro e as mocinhas
de calças compridas desceram para a porta
após o jantar.
Os namorados vão ao cinema.
As empregadas surgem das entradas de serviço.
Caminhas na calçada escura.
Consumiste o dia numa sala fechada,
lidando com papéis e números.
Telefonaste, escreveste,
irritações e simpatias surgiram e despareceram
no fluir dessas horas. E caminhas,
agora, vazio,
como se nada acontecera.
De fato, nada te acontece, exceto
talvez, o estranho que te pisa o pé no elevador
e se desculpa.
Desde quando
tua vida parou?”
— | Ferreira Gullar |
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